Por considerar que o inadimplemento contratual foi fundado em motivo de força maior, a 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo negou pedidos de indenização por danos morais e de ressarcimento de passagens e hospedagem feitos por um grupo de fãs após o cancelamento de um show do cantor pop Shawn Mendes em São Paulo em 2019.
De acordo com os autos, no dia do evento, enquanto milhares de fãs já estavam na fila aguardando a abertura dos portões, a produção informou que o show havia sido cancelado por problemas de saúde do cantor. Os valores dos ingressos foram ressarcidos a todos os fãs. Porém, os autores viajaram de outra cidade apenas para ver a apresentação.
Por isso, eles pediram na Justiça o reembolso das passagens e da hospedagem, e também indenização por danos morais pela frustração de aguardar por horas na fila e não poder ver o show de Shawn Mendes. Entretanto, os pedidos foram julgados improcedentes em primeira instância e o TJ-SP, por unanimidade, manteve a sentença.
Para o relator, desembargador Sergio Alfieri, o dano material não ficou configurado. "Os apelantes usufruíram dos serviços adquiridos, transporte aéreo e diárias do hotel, ou seja, ainda que frustrados pela não realização do show, o cancelamento não impediu que os consumidores se utilizassem normalmente dos aludidos serviços, pois o fato (cancelamento) se deu após e não antes", afirmou.
O magistrado afirmou que o acolhimento da pretensão implicaria em enriquecimento sem causa dos autores. Quanto aos danos morais, o desembargador disse que o fato se insere no campo dos "aborrecimentos e dissabores da vida em sociedade" e, portanto, não são passíveis de indenização.
"O inadimplemento não extrapolou o limite do suportável para ensejar, de forma excepcional, o dever de indenizar os aborrecimentos experimentados pelos apelantes, mormente porque não houve ofensa a honra ou a dignidade da pessoa humana", completou.
Íntegra do acórdão: https://www.conjur.com.br/dl/show-shaw-mendes.pdf
Processo 1129361-83.2019.8.26.0100
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