Breve análise da MP 1.085/21 - Sistema Eletrônico de Registros Públicos , por Daniela Veltri

Foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 28 de dezembro de 2021, a Medida Provisória 1.085 que dispõe sobre o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos.


A MP foi resultado de um trabalho conjunto entre representantes do Governo, Cartórios, Judiciário, Banco Central do Brasil e diversos setores da economia nacional. 


A referida rorma trata da implantação do Sistema Eletrônico de Registros Públicos (SERP) pelos oficiais de registros públicos mediante a adoção de processos e procedimentos que serão posteriormente definidos pela Corregedoria Nacional de Justiça. A finalidade principal é viabilizar o fluxo e acesso a informações, documentos e dados através da interoperabilidade e interconexão entre as serventias dos registros públicos, incluindo o Registro de Títulos e Documentos. 


Em conjunto com o projeto de lei 4.188/21 (Novo Marco Legal de Garantias) tem-se o fortalecimento do sistema de garantias ao permitir consulta a indisponibilidades, restrições e gravames de bens móveis e imóveis em um único lugar. Ao mesmo tempo em que se reduz a burocracia e o custo operacional, aumenta-se a transparência e segurança jurídica nos negócios, gerando um ambiente favorável para a concessão de créditos mais baratos. 


Importa ressaltar que a MP contém a previsão de registro das constrições judiciais e/ou administrativas no Registro de Título e Documentos, o que possibilitará o maior uso da garantia de bens móveis nos negócios em geral. 


Resumidamente, as disposições contidas na MP facilitarão sobremaneira a utilização dos serviços cartoriais: nascimento, casamento, divórcio e outros atos da vida civil, todos a um clique no celular por meio do aplicativo que dará acesso ao SERP. Atendimento remoto aos usuários e consulta a informações e documentos relativos a bens móveis e imóveis resultarão no fim da peregrinação a diversos Cartórios. 


Além dos pontos acima, são destaques: 


A expedição de certidão em que constará, de forma resumida, as informações mais importantes sobre o imóvel objeto da consulta;


Os negócios jurídicos poderão ser registrados em um único local, afastando a prática atual do registro no domicílio de todas as partes;


A inclusão, do §1º-A no artigo 32 da Lei 4.591/64, que prevê a livre disposição ou oneração das unidades após o registro do memorial de incorporação representa um avanço e tanto já que possibilita o financiamento de imóveis ainda em construção. Ganha o consumidor, que poderá financiar a compra do imóvel na planta e ter um melhor fluxo de caixa e ganha a incorporadora por receber os recursos oriundos da venda durante a construção do empreendimento;


Regras mais claras sobre o instituto do patrimônio de afetação; dúvidas que eram comuns e reiteradas foram tratadas em referidas disposições;


Os prazos registrais (i) passam a ser contados em dias úteis e segue o critério processual, ou seja, excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento e (ii) em alguns casos tiveram redução;


Previsão específica e clara acerca do princípio da concentração dos atos na matrícula do imóvel, reforçando a segurança jurídica aos negócios e ao terceiro de boa-fé; 


É importante lembrar que embora a MP produza efeitos jurídicos imediatos, ainda depende de aprovação do Congresso Nacional para que seja convertida em lei. Como as alterações constantes na Norma são de grande impacto e alteram legislações importantes como o Código Civil, há de se atentar para possíveis consequências na hipótese de não aprovação ou alterações ao texto vigente.


Pedimos a gentileza de observar que este conteúdo pode, sim, ser compartilhado na íntegra. Todavia, deve ser citado o link: https://www.migalhas.com.br/depeso/357335/breve-analise-da-mp-1-085-21-sistema-eletronico-de-registros-publicos

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