O
CBAr - Comitê Brasileiro de Arbitragem, com o apoio do Instituto de
Pesquisas Ipsos, realizou a pesquisa "Arbitragem no Brasil",
entrevistando 158 profissionais do processo arbitral, entre eles
advogados, árbitros, membros de departamentos jurídicos de empresas e
representantes de câmaras de arbitragem, para colocar a arbitragem e
seus agentes no espelho.
Os entrevistados
analisaram o grau de conhecimento sobre arbitragem dos principais
sujeitos que operam ou interagem com processos arbitrais, as vantagens e
desvantagens da arbitragem quando comparada ao processo judicial, o
preparo dos advogados para lidar com a arbitragem, o comportamento dos
advogados nas arbitragens, os principais critérios para a escolha de um
árbitro, as características mais importantes de uma câmara de arbitragem
etc.
O advogado André de Albuquerque Cavalcanti Abbud, diretor do CBAr, comenta os resultados da pesquisa.
1. O que é a pesquisa feita pelo CBAr - Comitê Brasileiro de Arbitragem?
O
objetivo foi captar a opinião dessa comunidade de profissionais a
respeito da prática da arbitragem no país, para que se possa conhecer o
modo como ela vem funcionando e refletir sobre eventuais pontos de
aperfeiçoamento. Assim, os entrevistados foram perguntados sobre
aspectos do comportamento de árbitros e advogados na condução da
arbitragem, o preparo demonstrado por eles, os critérios de seleção de
árbitros, a atuação das câmaras arbitrais etc. Os resultados da pesquisa
serão divulgados na revista de arbitragem do CBAr.
2. Quais são as principais vantagens e desvantagens da arbitragem em comparação ao processo judicial?
Segundo
os entrevistados na pesquisa, as principais vantagens da arbitragem em
comparação ao processo judicial são, pela ordem, o menor tempo
necessário para obter uma solução definitiva para o conflito, a
qualidade e o caráter técnico das decisões e a flexibilidade e
informalidade do procedimento arbitral. Quando se olha para cada um dos
grupos de profissionais entrevistados, no entanto, é interessante notar
que a possibilidade de indicar um árbitro aparece em terceiro lugar para
os advogados internos, no lugar da flexibilidade e informalidade do
procedimento.
3. Os
principais sujeitos do processo arbitral estão preparados para lidar com
a arbitragem? Se não, de que maneira esses profissionais poderiam ficar
melhor preparados?
Com
relação aos árbitros, a opinião dos profissionais é que eles estão bem
preparados. A grande maioria dos entrevistados entendeu que os árbitros
demonstram conhecimento sobre a matéria discutida na arbitragem,
conduzem o processo de forma rápida, isenta e eficiente, dedicam o tempo
necessário e são comprometidos com a arbitragem, respondem rapidamente a
pedidos de medidas urgentes e atuam de modo a impedir que as partes
abusem da flexibilidade típica da arbitragem. Além disso, 89% dos
entrevistados entendem que os árbitros brasileiros são independentes e
imparciais, o que é muito positivo.
Com
relação ao preparo dos advogados, os entrevistados ficaram mais
divididos. Enquanto 33% deles entendem que os advogados estão preparados
ou muito preparados para lidar com arbitragem, o mesmo número considera
que eles estão pouco ou nada preparados para trabalhar com isso. Mas é
preciso registrar que essa pergunta teve por alvo o preparo dos
advogados em geral, não apenas daqueles que atuam com arbitragens. Como
solução para melhorar esse quadro, os entrevistados sugeriram
principalmente maior capacitação, tanto por meio de cursos e
treinamentos específicos quanto por meio de estudos próprios. Muitos
mencionaram também a maior prática e a inclusão da disciplina de
arbitragem nos cursos de graduação como medidas para aperfeiçoamento.
4. Quais foram as principais críticas feitas ao comportamento de árbitros e advogados?
Os
entrevistados não foram muito críticos em relação a nenhum dos
comportamentos avaliados. Ao contrário, tiveram em geral opinião
positiva sobre a atuação de árbitros e advogados (mesmo quando
perguntados sobre a classe de profissionais à qual não pertencem). Dito
isso, é possível observar certos aspectos em relação aos quais os
respondentes ficaram bastante divididos, o que indica que esses são
pontos que merecem atenção da comunidade arbitral. Com relação aos
advogados, 51% entendem que eles adotam táticas e medidas protelatórias
antes, durante ou depois do fim da arbitragem, e 36% consideram que eles
tentam às vezes falar com membros do tribunal arbitral sobre o mérito
da disputa sem a presença da parte contrária. Com relação aos árbitros,
57% dos entrevistados acham que os árbitros não aplicam sanções às
partes, como multas por litigância de má-fé, quando necessário na
arbitragem, e 52% são da opinião de que os árbitros costumam dar
decisões salomônicas.
5. Quais foram apontados como os principais critérios para a seleção de árbitros?
Os
critérios mais mencionados foram, pela ordem: ser especialista ou
professor na matéria discutida na arbitragem, ter nome respeitado no
mercado (reputação) e ter experiência como árbitro.
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