A certidão de trânsito em julgado emitida
pelo STJ serve apenas para atestar a sua ocorrência e não para
demonstrar a data de consumação e o início de prazos decadenciais. Com
esse fundamento, a maioria dos ministros da Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) extinguiu ação rescisória ajuizada pelo Banco
do Brasil em razão da decadência.
A instituição financeira pretendia reformar decisão do próprio STJ, que restabeleceu julgado da Justiça do Maranhão em que ela foi condenada a indenizar uma cooperativa agrícola. O banco era o agente financiador de empréstimo com recursos do Banco Mundial para construção de uma destilaria que teria cana-de-açúcar fornecida pela cooperativa. Entretanto, houve atraso na liberação do financiamento de R$ 134 milhões, o que frustrou o empreendimento e, por consequência, o negócio da cooperativa.
Em primeiro grau, o banco foi condenado a pagar à cooperativa perdas e danos, lucros cessantes e outros valores. Essa decisão foi parcialmente reformada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) e depois restabelecida pelo STJ, no julgamento do REsp 744.564.
O Banco do Brasil entrou com a ação rescisória. Na contestação, a defesa da cooperativa afirmou já estar vencido o prazo decadencial, conforme o previsto no artigo 495 do Código de Processo Civil (CPC). Alegou que a certidão emitida pelo STJ não trouxe o dia exato do trânsito em julgado e que o prazo decadencial já estaria vencido quando a instituição financeira entrou com a ação rescisória. Também argumentou que a rescisória não impugnaria fundamentos da decisão do STJ e que não haveria as violações citadas nele.
Na ação rescisória, o banco alegou que o cálculo da decadência foi feito com base em certidão do próprio Tribunal. Sustentou que não poderia ser prejudicado por um ato errôneo do Poder Judiciário.
A instituição financeira pretendia reformar decisão do próprio STJ, que restabeleceu julgado da Justiça do Maranhão em que ela foi condenada a indenizar uma cooperativa agrícola. O banco era o agente financiador de empréstimo com recursos do Banco Mundial para construção de uma destilaria que teria cana-de-açúcar fornecida pela cooperativa. Entretanto, houve atraso na liberação do financiamento de R$ 134 milhões, o que frustrou o empreendimento e, por consequência, o negócio da cooperativa.
Em primeiro grau, o banco foi condenado a pagar à cooperativa perdas e danos, lucros cessantes e outros valores. Essa decisão foi parcialmente reformada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) e depois restabelecida pelo STJ, no julgamento do REsp 744.564.
O Banco do Brasil entrou com a ação rescisória. Na contestação, a defesa da cooperativa afirmou já estar vencido o prazo decadencial, conforme o previsto no artigo 495 do Código de Processo Civil (CPC). Alegou que a certidão emitida pelo STJ não trouxe o dia exato do trânsito em julgado e que o prazo decadencial já estaria vencido quando a instituição financeira entrou com a ação rescisória. Também argumentou que a rescisória não impugnaria fundamentos da decisão do STJ e que não haveria as violações citadas nele.
Na ação rescisória, o banco alegou que o cálculo da decadência foi feito com base em certidão do próprio Tribunal. Sustentou que não poderia ser prejudicado por um ato errôneo do Poder Judiciário.
Prazo e certidão
O
relator do processo, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, apontou que a
Súmula 401 do STJ define que a decadência da ação rescisória se inicia
quando não é mais cabível recurso do último pronunciamento judicial. Ou
seja, o prazo para exercer o direito de desconstituir com a rescisória
coisa julgada material começa no dia imediatamente seguinte ao fim do
prazo para interposição do recurso cabível contra a última decisão
judicial. No caso, ele esclareceu, o último pronunciamento
ocorreu em 29/10/2007, sendo o dia 13/11/2007 o fim do prazo para o
recurso cabível. Logo, o prazo de decadência se iniciou em 14/11/2007 e
terminou em 13/11/2009. Mas o Banco de Brasil somente ajuizou a
rescisória em 18/11/2009, e alegou que essa data era anterior ao prazo
de decadência com base na certidão de trânsito em julgado, que teria
informado como data de sua consumação o dia 19/11/2007. O
ministro Sanseverino destacou que a jurisprudência da Primeira e da
Terceira Seção do STJ é no sentido de que a certidão de trânsito atesta
apenas a sua ocorrência e não a data em que ele se consuma. “Constituiu
ônus exclusivo da parte, representada pelo seu advogado, a contagem do
prazo de decadência, não sendo possível a transferência ou a atribuição
deste ônus a funcionário do Poder Judiciário”, afirmou o ministro no
voto. Conforme lembrado no parecer do Ministério Público, o servidor
apenas certifica o que ocorre no seu setor e não as conclusões jurídicas
daí decorrentes. Assim, o ministro declarou extinta a ação
rescisória por decadência e condenou o banco ao pagamento de custas e
honorários advocatícios no montante de 1% do valor da causa.
Acompanharam integralmente o voto do relator a ministra Nancy Andrighi e
os ministros Luis Felipe Salomão, Antonio Carlos Ferreira e Marco
Buzzi. A ministra Isabel Gallotti, revisora, e o ministro Raul Araújo
divergiram apenas quanto aos honorários. Já o ministro Massami Uyeda
divergiu integralmente, pois afastava a decadência.
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